quarta-feira, dezembro 21, 2005
O Olhar das Luzes
Como é que as luzes nascem?
É só um toque, um botão para baixo a descer de cima. Um segundo de tempo.
Um segundo de distância, de caminho percorrido pelo tempo no mesmo tempo.
Será que as luzes nascem com o tempo?
Não é preciso responder logo, sem pensar. Consigo responder no tempo com pouca luz, mas já não consigo responder num segundo de tempo, o mesmo segundo que faz nascer a luz da minha resposta. No tempo.
O tempo e as luzes. Enquanto o tempo nasce no tempo que morre, a luz nasce no tempo infinito, num tempo que existe, sem nascimento e sem morte.
Por isso, as luzes permanecem no tempo. Existem, vivem, respiram e transpiram. Por quem? Ou por quê?
Pelo olhar. Simplesmente o olhar.
Olhar pequeno e murcho, que sorri e nasce com as luzes, olhar miúdo e transfigurado, que é ofuscado pelo brilho ensurdecedor das luzes, olhar adulto e supremo que não quer ver, que corrige as luzes, olhar velho e paciente, que está à espera das luzes.
O olhar. As luzes nascem com o olhar. No tempo.