Havana sonha em Marrakech

Foi um ritual casamenteiro. A união do lacre vermelho quente com o envelope macio selou o destino de uma história.

Senti os dedos abençoados a forjar a lava derretida.

Os teus dedos com o sorriso do meu olhar.

Gostava. Gostava de pintar o céu com as cores que lhe pertencem.

Gostava de decalcar o negro azul sobre o laranja mais ténue, que se derrete no horizonte de pano escuro camuflado.

Gostava de desenhar os teus olhos picotados, silenciosos como o vento que adormece as dunas de sorriso espantado.

Gostava de encher a tua cor desconhecida, que procura a tua alma esquecida.

Imagino o teu fervor olhado, o teu ardor tocado, o teu desejo de mundo sonhado.

De sorrisos trocados, esboço a tua presença de fantasma que me enfeitiça.

Há dias de sorriso.

Há dias de olhar para o sol.

Há dias para mexer em cores.

Há dias para ouvir a paixão que nos toca.

E há dias que até o espelho goza com a nossa cara.

Já não aguento mais. Este sorriso é anseio delirante. O cheiro apimentado das rosas de cacau está a invadir os meus olhos. Tenho de ir, sem despedida corrida, nem olhada mal vista. Vou escrever.

Vou escrever com tinta de chocolate. Vou borrar, pintar e ilustrar. E serei o príncipe encantado no jardim de rosas de cacau.