quinta-feira, novembro 24, 2005

As Coisas do Rio

 

As ervas sem poda, sem tesoura, abanavam. Um chocalho orquestrado pelo vento de força invisível, que bradava, que gritava para as águas escondidas do rio.

Muerla estava de pé, sentido o sapateado de tábuas movediças que faziam sombra às ervas bravas, mais medrosas, mais preguiçosas, que não gostavam do maestro vento e a sua batuta de tormento.

Os olhos de Muerla choravam. Choravam o rio como era o rio da Muerla amante.

Já não tinha lábios das águas de Tuberno. Amado. Estavam secos, como o rio que outrora dançaram seres graciosos encantados pelas pedras que brilham à luz da Morna.

Naquelas águas, naquele lugar de amor trespassado, Muerla e Tuberno amaram o rio.

 


Comments:
(suspiro)
Ao som de Stina Nordenstam.
 
Que história sonhadora! Soa a água a cantar por um riacho abaixo, perto de troncos cobertos de musgo e molhados de chuva miudinha... Soa bem.
 
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