sexta-feira, julho 08, 2005
Impressão Digital
Os meus olhos são uns olhos,
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros, com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente!!
Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos ? São moinhos!
Vê gigantes ? São gigantes!
António Gedeão, in "Movimento Perpétuo", 1956