terça-feira, maio 17, 2005

O Corpo e a Primavera

Ouço o corpo
da Primavera.

Na brisa
segura macias flores.
Dir-se-ia o delicioso rubor
dos seios.
Não sei se surgindo
da vergonha
de alguns botões ainda
por abrir.

Terno enredo
o de escutá-lo no sobressalto e despontar
do sexo: sentado
conserva os joelhos apertados
contra o queixo,
furtando-o
a invisíveis e furiosas
abelhas.
Talvez por medo
de que o mel desabe
e o tempo tenha de acolher-se,
abrasado de cio,
na delícia e destreza
de uma ingenuidade em absoluto
efémera.
De que as rosas
breve
percam o engano e o frescor
da voz.

Deixemo-lo, pois, entregue
ao claro som e asseio
do seu respirar.

 

Eduarda Chiote


Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?